A conversa é outra

publicidade

José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo

O Brasil precisa de mais juízo. A situação é grave e não parece estar sendo levada com a seriedade necessária. O momento é de contrição. O que foi feito do sonho? Como reconstruí-lo?

O horizonte não pode estar restrito a 2018. É urgente pensar além. Há projetos a longo prazo?

Pense-se, por exemplo, na urgência da reforma política. Não é viável dispor de quase 40 projetos diferentes de país, sustentados pelo povo. A liberdade de pensar, de planejar, de propor reformas, não pode se confundir com a existência de Fundo Partidário, que alimenta propostas individualistas. Tudo bem que grupos se organizem e formulem opções de governo. Muito saudável, até. Mas existir dinheiro tão escasso para o que é essencial só para preservar uma ideologia, parece incompatível com o momento.

É também conveniente – para usar de um eufemismo – repensar o sistema tributário. Se as demandas crescem, se tudo é direito e direito fundamental, se há um Judiciário pronto a prover todos os pleitos, não é possível deixar de pensar em como satisfazer aos anseios concretizá-los em prestações pecuniárias. Quem paga a conta?

Hoje, o município está sufocado. Assisto à perplexidade de prefeitos que não têm como honrar a folha de pagamento. Tudo está a clamar por revisita. Se município é entidade da Federação, precisa ter recursos para atender às suas atribuições. Ou deixar de ser município, se não tem como arcar com a máquina pública.

Alguém está pensando nisso?

A inteligência brasileira deveria estar atenta ao que acontece no planeta. Atividades surgindo sem que a educação se dê conta. Indústrias fechando, empregos desaparecendo, vocações em busca de um destino e as novas gerações ainda sem saber como sobreviverão.

O ambiente degradado, o lixo aumentando, o dinheiro cada vez mais raro. O que será do amanhã? Mero choque de gestão é insuficiente. A mentalidade dos que ainda pensam requer uma verdadeira lobotomia. Invenção lusa hoje em desuso, mas que seria útil ao menos metaforicamente. Vamos pensar grande, minha gente!