O artista mirassolense Adalto Costa procurou a equipe do Mirassol Conectada informando que um de seus maiores trabalhos feitos até hoje, as estátuas de Dom Quixote e Sancho Pança, foi removido da Praça Central de Mirassol, local de destaque que abrigava as obras expostas desde dezembro de 2016.
Inaugurados após a encenação de um teatro que retratou a história do clássico universal do escritor Miguel de Cervantes, os monumentos eram, de acordo com a Administração da época (gestão de Júnior Ricci), uma homenagem a influência da imigração espanhola em Mirassol. Elas são construídas em metal, com peças como engrenagens, correntes e outras partes.
Procurada para comentar a situação, a Prefeitura de Mirassol se manifestou através da sua assessoria de imprensa informando que a retirada das estátuas foi necessária para que a reforma da praça possa continuar, mas não deu nenhuma garantia de que elas possam voltar para lá. “Ainda não foi definido se a retirada será temporária ou permanente” – informou a Prefeitura.
Já o artista Adalto, cedeu uma pequena entrevista para o Mirassol Conectada expondo muita tristeza com relação ao ocorrido. Ele conta que as esculturas eram uma grande atração da praça, atraindo pessoas da região inteira que já fizeram fotos no local para publicar nas redes sociais. Confira:
Como você ficou sabendo que as estátuas foram retiradas? O que elas representavam para você como criador?
Eu fiquei sabendo através de pessoas que estavam no entorno do recinto e viram as esculturas chegando em um caminhão e sendo descarregadas. Elas representam para mim o ápice da minha criação, porque estavam expostas em uma praça e pessoas da região inteira, como Balsamo, Tanabi, Neves Paulista, Monte Aprazível, Uchôa, Votuporanga, Catanduva, pessoas de todas essas cidades estiveram por lá tirando fotos, comentando e compartilhando, me senti honrado por ter essas peças expostas lá.
A prefeitura informou que a retirada foi necessária para continuar a reforma da Praça e que ainda não definiu se a retirada será permanente ou não. Como você se sente em relação a isso?
Eu cheguei até ouvir que iam mexer na escultura, mas não que iam ser retiradas e guardadas em outro local, para onde elas vão agora eu não sei. Me senti marginalizado, porque ela passou por todo um processo de avaliação pela Câmara de Vereadores da época e pelo Departamento de Cultura da administração anterior, foi tudo pago certinho, não foi cobrado criação artística, porque ficaram expostas ao público, na época da inauguração também foi feita uma peça de teatro e tudo isso acabou jogado por água baixo, senti o meu trabalho sendo desconsiderado pela prefeitura, não imaginava que ia ser arrancado de lá, me parece que vão fazer um quiosque ou um coreto lá, mas se fossem fazer algo assim, com certeza tinha outros lugares da praça pra recebe-los.
Foi feita uma base de concreto lá, aterramento, rampa de acesso, aterramento de para-raios, tudo! Eu me senti humilhado, desreconhecido (sic) como artista local. Agora eu não sei o motivo real motivo disso, não sei se a prefeitura tem alguma desavença com a colônia espanhola, com a administração anterior ou se é com o artista local mesmo, porque eu não fui informado de nada.
Como e quando você começou a realizar esse tipo de trabalho artístico?
Eu comecei a fazer o trabalho de arte em ferro quando minha mãe morreu em 2010. No sentimento de perda e muita dor, nos dias de tristeza eu fiz minhas primeiras criações, que são triciclos, mini Harley Davidson, artistas, cavalos, bois, até chegar na perfeição das esculturas de Dom Quixote e Sancho Pança, que foram feitas em homenagem ao centenário de Mirassol, que não foi feito nada.
Eu tenho esculturas em várias cidades, inclusive um orçamento em andamento para o folclore de Olímpia, pessoas de várias outras cidades me procuram. Mas fiquei entristecido por terem tirado minhas peças da praça, muitas pessoas se solidarizaram comigo, me ligaram, me pararam na rua para perguntar a respeito disso e eu não sabia nem o que responder. Espero apenas que as esculturas possam voltar para o devido lugar delas.
Confira alguns dos trabalhos de Adalto Costa:
