Complexo que inclui Hospital de Base realiza protesto contra o feminicídio

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Foto: divulgação/Funfarme

 

Em menos de seis meses, duas mulheres que trabalhavam no Hospital de Base de São José do Rio Preto, instituição que faz parte do complexo Funfarme, foram mortas por seus ex-companheiros. Os dois casos, enquadrados pela polícia como feminicídio, estão longes de serem isolados. De acordo com um estudo do Núcleo de Gênero, realizado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE) em 2017, a cada cinco horas uma mulher sofre algum tipo de agressão em Rio Preto.

Em luto, colaboradoras da instituição endossaram na manhã desta segunda-feira, 28 de janeiro, um protesto pacífico na entrada do Hospital de Base (HB). Elas se vestiram de preto, com apoio da instituição, que tem um quadro profissional formado por 80% de mulheres. Os participantes empunhavam cartazes com palavras de ordem como “Nem uma a menos”, “Só suspensão não nos protege”, “Quem ama não mata, humilha, maltrada” e “A faculdade é pública, o corpo da mulher não”.

Também foram distribuídas rosas brancas e ao final, foi anunciada a criação de uma Associação que dê voz e auxílio às mulheres que precisam de apoio psicológico, social e médico. A manifestação contou com presença de diversas profissionais da Funfarme, dos diretores e lideranças da Fundação, da Famerp, do HB, Lucy Montoro, Hospital da Criança e Maternidade (HCM), Ambulatório, Instituto do Câncer e autoridades, como o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo, a Secretária de Políticas para Mulher, Maureen Leão Cury, além da Delegada da Defesa da Mulher, Margarete Franco, entre outras.

 

Foto: divulgação/HB

 

Dra. Amália Tieco, diretora administrativa do HB e organizadora do protesto, discursou em favor da união para solucionar o problema. “Precisamos destas mulheres aqui na Funfarme, não vamos deixar que isso aconteça novamente. Esta morte matou um pouquinho a todas nós. Nossa luta está só começando, não vamos ficar paradas”, declarou.

 

Protesto aconteceu na manhã desta segunda, em frente ao Hospital de Base (foto: divulgação/HB)

 

A Delegacia da Mulher divulgou dados que registraram 1.717 violações entre ameaças (987), lesões corporais (724), tentativas de homicídios (5) e uma morte, além da instauração de 150 medidas protetivas. Tudo isso aponta uma média de 5 ocorrências contra o sexo feminino por dia.

“Estes dados são alarmantes. Queremos incentivar a sociedade e outras entidades a voltarem suas atenções a projetos que protejam também suas colaboradoras”, colocou Dra. Tieco, diretora administrativa do HB e organizadora do protesto.

O Presidente Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Manoel de Queiroz Pereira Calças, participou via telefone e comprometeu-se a criar um vara especial para os cuidados com as mulheres em Rio Preto. Dr. Jorge Fares, diretor executivo da Funfarme, falou do suporte que a instituição oferece a todas as colaboradoras. “Nós, como instituição, temos que ouvir essas mulheres, suas queixas, atuar tanto na parte trabalhista quanto jurídica. Queremos dar o exemplo e ampliar essa luta por todo país”, salientou Dr. Jorge Fares.

 

Margarete Franco ofereceu todo respaldo àquelas que sofrem qualquer tipo de agressão, seja psicológica, física ou emocional. “A sociedade não pode se calar diante da violência contra a mulher. Nós, da delegacia, estamos aqui para dar o apoio à sociedade e de portas abertas para receber todas as denúncias. Dessa forma, podemos agir e afastar o agressor da mulher, além de fazer o acolhimento e tomar as medidas policiais e judiciais. A sociedade como um todo deve defender estas mulheres”, aconselhou a Delegada.

Dr. Horácio José Ramalho, ex-diretor executivo do complexo, atribuiu também aos homens, aos jovens e às crianças a responsabilidade pelo combate ao feminicídio. “Esta manhã vai ficar marcada como uma ruptura da passividade da sociedade perante a violência que a mulher sofre neste país. Hoje não é apenas um dia de luto, mas de luta”, acrescentou.

 

Protesto aconteceu na manhã desta segunda, em frente ao Hospital de Base (foto: divulgação/HB)
Protesto aconteceu na manhã desta segunda, em frente ao Hospital de Base (foto: divulgação/HB)