Paralisação dos caminhoneiros chega ao 9º dia

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A greve dos caminhoneiros chega ao 9º dia nesta terça-feira, 29 de maio,
mesmo após as concessões feitas pelo presidente Michel Temer (MDB) e acordadas entre alguns órgãos representantes dos caminhoneiros, os bloqueios ainda permanecem em diversos pontos do Brasil.  Em Mirassol, a categoria está concentrada no acostamento da rodovia Washington Luís, em frente ao posto Irmãos Coragem e conta com o apoio expressivo da população, assim como em outras regiões. Na noite de ontem, foi realizada uma carreata seguida de um buzinaço em protesto ao valor dos preços de combustíveis, inclusive gás de cozinha.

 

Mobilização dos caminhoneiros em Mirassol (foto: enviada por leitores)

 

Assim como no restante do Brasil, os efeitos dos bloqueios já são sentidos nos postos desde a última semana. Motoristas formam filas para abastecer, gasolina e etanol se esgotam em pouco tempo. Os supermercados também começam a ser afetados pelas paralisações.

As três unidades do Alfredo Antunes, que até ontem, 28, estavam conseguindo operar sem prejuízos começam a ser afetadas. Alguns produtos da categoria dos commodities como leite e açúcar devem acabar ainda hoje, bem como alguns itens de hortfruti e cortes de carne. A farinha para produção na padaria e o gás usado na cozinha também estão chegando ao fim. Desde a última sexta-feira, a quantidade de produtos por pessoa é limitada.

Apesar de o governo afirmar que a greve está sendo contida e que a situação deve se normalizar até o final da semana, grande parcela dos caminhoneiros continua se organizando, principalmente via Whatsapp e apesar de não ser uma reivindicação em pauta, muitas pessoas estão usando o movimento para pregar o discurso sugerindo uma intervenção militar. Assim como em 2013, grande parte da população está saindo às ruas vestida de verde e amarelo e encorando o Hino Nacional.

O acordo proposto por Temer inclui abaixar em 46 centavos o preço do diesel por 60 dias, valor equivalente ao Cide e o PIS/Cofins, depois desse período voltaria a ser reajustado mensalmente e não diariamente como vinha acontecendo. O chefe do Planalto afirma ainda que esse valor não será repassado a Petrobras, mas sim arcado pelo próprio governo, porém não declarou de onde deve sair esse dinheiro, que provavelmente deve ser repassado à população geral por meio de impostos. Ou seja, o acordo não soluciona o problema da categoria, tampouco da população que aderiu ao movimento pedindo a redução dos impostos sobre os demais combustíveis, inclusive gás de cozinha.

Medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer e publicadas no Diário Oficial:

  • Redução de 46 centavos no óleo diesel por 60 dias, valor equivalente a Cide e o PIS/Cofins que incide sobre o combustível. Depois disso, os reajustes serão mensais e não diários como vinha acontecendo.
  • Liberação de cobranças do eixo suspenso em todo o território nacional
  • Medida provisória que garante 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para autônomos
  • Medida provisória que determina tabela mínima de fretes, conforme previsto no PL 121, em análise no Congresso;5) A garantia de que não haverá reoneração de folha de pagamento no setor de transporte de carga;
  • Medidas anunciadas anteriormente como a isenção de tributos sobre a folha de pagamento para o setor de transportes.

O movimento não tem uma liderança sólida, várias entidades estão intermediando as negociações e apesar de muitas terem concordado com os acordos propostos, outras optaram por seguir com a paralisação. Em nota oficial, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos declarou na segunda-feira, 28, que a proposta apresentada pelo Governo Federal ainda não está de acordo com as reivindicações. O órgão, constituído por várias lideranças de caminhoneiros, opta pela continuidade do movimento, mas aprovaram a circulação livre dos seguintes itens:

  1. Combustíveis de toda espécie, inclusive gás de cozinha;
  2. Produtos destinados à merenda escolar
  3. Produtos de alimentos destinados a saúde pública e hospitais
  4. Leite
  5. Caminhão carregado com adesivo identificador da Defesa Civil.

A equipe de reportagem do Mirassol Conectada não encontrou uma pauta específica com as principais reivindicações dos caminhoneiros, porém recebemos de um caminhoneiro que faz parte da organização a seguinte pauta de reivindicação da categoria:

A) Frete mínimo nacional.

B) Corte total do Imposto PIS/CONFINS sobre o diesel e Gasolina.

C) redução dos pedágios para caminhoneiros.

D) Fim da CIDE (Parcialmente cumprido pelo governo)

E) Renegociação das dívidas dos caminhoneiros.

F) Estradas em bom estado.

A mensagem, que circula pelo Whatsapp também pede o apoio da população e adesão ao movimento por demais categorias e população no geral.

Petroleiros anunciam paralisação de 72 horas a partir de quarta-feira

A mobilização está movimentando também os petroleiros da Petrobrás que estão se organizando e aderindo ao movimento contra a política de privatização da empresa. Uma paralisação da classe por 72 horas está prevista para iniciar nesta quarta-feira, 30, de acordo com o Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro SP).

“Essa greve se faz necessária para denunciar essa política irresponsável do senhor Pedro Parente (Presidente da Petrobras), que está sucateando nossas refinarias, que está abrindo mercado para as importadoras, que está elevando os preços dos combustíveis, prejudicando a sociedade brasileira. Esse governo não tem compromisso com o povo e a Petrobras é do povo, por isso nós vamos fazer a greve. Defender a Petrobras é defender o Brasil”. afirmou José Maria Rangel, coordenador nacional da FUP, em comunicado divulgado via vídeo.

O principal motivo que desencadeou a crise dos combustíveis no país foi a política adotada pela Petrobras de valorização do mercado financeiro internacional, em detrimento do consumidor final, que repassa diariamente as variações no preço internacional do petróleo para os postos de combustíveis. A venda de refinarias e diminuição da produção de derivados tem deixado o país refém dos traders internacionais e das importações.

Fontes:

Federação Única dos Petroleiros

Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo 

Planalto 

Organização independente de caminhoneiros, via Whatsapp