“Precisei colocar uma bolsa de colostomia e assim vou viver para o resto da vida”

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Renan Carlos dos Santos segura em uma das mãos a bolsa que é ideal para o seu organismo, na foto ele está usando uma temporária, fornecida pelo ARE gratuitamente, que não se encaixa muito bem (Foto: arquivo pessoal)

 

Estima-se que pelo menos 5 milhões de pessoas no mundo tenham doenças inflamatórias intestinais (DII). Apesar de não existir dados exatos que apontam a quantidade de pessoas portadoras das DII elas estão crescendo e por se tratarem de enfermidades crônicas, apenas o diagnóstico precoce e o tratamento podem proporcionar qualidade de vida ao paciente, mas nem sempre garantem uma resolução.

O mirassolense Renan Carlos dos Santos, de 28 anos, precisou passar por uma cirurgia para retirada do intestino há um ano, seu organismo passou por mudanças para que ele pudesse voltar a ter qualidade de vida e agora ele precisa usar uma bolsa de colostomia específica pela vida toda. O morador foi diagnosticado com doença de Crohn, considerada uma (DII). Há seis anos ele convivia com os sintomas da doença: cólicas, fraquezas, perda de peso, vômitos, diarreias, ia cerca de 15 vezes ao banheiro por dia.

A solução apresentada pela equipe de proctologia (especialidade médica) que acompanhava o seu caso foi a retirada do intestino (Proctocolectomia), já que o paciente já havia feito uso de todos os medicamentos disponíveis e não apresentava melhoras, pelo contrário, estava piorando progressivamente. Ele foi submetido ao procedimento cirúrgico, passou por algumas complicações, mas conseguiu finalmente se livrar da doença que o impedia de ter uma rotina comum.

“Foi retirado todo o intestino grosso e o reto, praticamente um metro e meio do órgão e dessa forma eu fui curado, dessa forma eu fui livre dos sintomas, livre da doença, livre dos sintomas e livre de tudo. E hoje eu fui curado, não tomo mais nenhum tipo de medicação e vivo normalmente, para a Glória de Deus. Posso comer o que eu quiser, posso viver normalmente”,

Renan Carlos dos Santos.

Porém, o que era para ser uma resolução, deu início a mais um capítulo: a bolsa de colostomia que se adapta e que é indicada para o organismo dele, apesar de ter o fornecimento garantido por lei, não está disponível para retirada na Rede Pública do município, que oferta apenas modelos padrões, que não se adaptam ao seu corpo e a sua necessidade.

“Faz um ano já que estou usando a bolsa de colostomia, quando eu recebi alta do hospital o médico me deu um papel para eu estar retirando essas bolsas em Mirassol. Porém quando eu cheguei em Mirassol não tinham muitas opções de bolsas, tinham algumas, acho que é pelo fato de não ter muitas pessoas ostomizadas aqui na cidade. Eles me deram a bolsa que tinha lá e tudo bem, vim para casa, coloquei essa bolsa e tal, só que a bolsa não dava certo, mas eu tinha que usar alguma coisa, então eu comecei a usar até conseguir outra opção”, complementa Renan.

Neste período, Renan soube que em Rio Preto existe a Associação dos Ostomizados e foi até o local, em busca de informação e auxílio. Ele foi atendido por uma estomaterapeuta, que é uma enfermeira especializada na área, durante a consulta ele testou diversas bolsas e encontrou uma que deu certo em seu corpo.

“Passei por uma consulta com a Talita, ela me avaliou, ela tem várias bolsas lá, é uma associação filantrópica, não recebe ajuda do governo e ela tinha bastante bolsa para testar, ela conseguiu testar uma em mim que deu completamente certo. Ela tinha algumas bolsas de reserva, então me deu algumas para eu passar um tempo, até aí tudo bem, ela fez um laudo e pediu para eu apresentar em Mirassol”, detalha Renan.

Após passar pela associação, o morador voltou para Mirassol com o laudo em mãos com a descrição da bolsa que ele precisava, porém ele foi informado que a Prefeitura não pode realizar a compra de produtos específicos. Ele foi orientado a retirar o material no ARE de São José do Rio Preto, mas o local também só fornece três modelos de bolsa e nenhum se encaixa.

Em contato com a Prefeitura de Mirassol a nossa equipe foi informada de que o município adquiriu 8 mil bolsas via processo licitatório em 2019 e aconselhou que o paciente procurasse o Departamento de Saúde. Renan foi até o lugar novamente, mas o local não tinha o material que se encaixava para ele.

Após pesquisas e algumas orientações, Renan descobriu que teria que entrar com um processo judicial para ter o seu direito assegurado, mas ficou preocupado pois sabia que os custos que o processo pode gerar poderiam ser altos. Apesar de ser amparado pela Portaria nº 400, do Ministério da Saúde, que trata sobre a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas, o morador precisa da determinação da Justiça para que a bolsa possa ser comprada pela Prefeitura.

Lei dos Ostomizados – Portaria Nº 400, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2009

 

O morador continua retirando as bolsas no ARE, já que as fornecidas lá se encaixam melhor apesar de não serem as ideais, mas ele não pode ficar sem. Recentemente, ele publicou um vídeo em sua página no Facebook – Renanzinho Ostomizado, contando a sua história e explicando a situação. Após a campanha online, Renan chamou a atenção da classe empresarial e política de Mirassol e conseguiu um valor de R$ 500 para comprar algumas unidades da bolsa, até que  ele consiga entrar com o processo que vai determinar a sentença.

A bolsa de colostomia não tem um valor muito acessível, por isso toda ajuda é bem-vinda. Caso você queira ou conheça alguém que possa auxiliar entre em contato diretamente com Renan, pelo Whatsapp (17) 99244-7815.

Laudo e bolsa ideal para o organismo de Renan (Foto: arquivo pessoal)

 

Clique na imagem abaixo para conferir o depoimento completo de Renan: 

Morador de Mirassol que precisou ser ostomizado compartilha sua história