Coletivo lança cartilha para discutir e combater a violência contra a mulher

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Hoje é dia 8 de Março e o que estamos comemorando? Simplesmente nascemos mulheres, nos tornamos mulheres e estamos celebrando? Não! O 8M traz reflexões sobre as conquistas civis, sociais e políticas das mulheres. Desde o século XIX manifestações por igualdade e melhorias de trabalho, entre outras reivindicações importantes, acontecem com as mulheres lutando diariamente para isso. Em Mirassol, o Coletivo Feminista “Casa de Marias” preparou uma campanha para o Dia Internacional da Mulher pautada na distribuição da cartilha “CÊ VAI SE ARREPENDER DE LEVANTAR A MÃO PRA MIM”.  O material será disponibilizado em duas versões, física e digital, e tem o objetivo de explicar para a população quais os tipos de violência existentes contra a mulher, informar direitos e endereços dos órgãos de proteção que as vítimas podem procurar ajuda na cidade, entre outras informações úteis.

“A cartilha mostra os tipos de violência e reforça como as mulheres podem interromper o ciclo. Explica como entendemos essa violência, porque o entender a violência também é um processo. Nós somos tão construídas por uma sociedade patriarcal que as vezes a gente não reconhece como violência o que é de fato uma violência. Então, esse material vem com a ideia de explicar o que é essa violência para a mulher apresentando maneiras de sair dela e recursos (judiciais, psicológicos ou afetivos) que ela pode encontrar acolhimento”, explica a professora e ativista Beatriz Molina.

Cartilha informativa produzida pelo Coletivo Feminista “Casa de Marias” será disponibilizada nas versões física e digital (Foto: Divulgação)

De acordo com o coletivo, a frase que dá nome a cartilha foi extraída da música de Elza Soares, cantora brasileira que foi vítima de violência física e psicológica durante boa parte da vida mas que usou a arte como força para resistir e levar informação a outras mulheres.  “Queremos trazer mesmo esse debate para a população mirassolense, ele é muito importante! É muito fácil no dia 8 de março entregar uma rosa para a mulher mas durante o ano todo não reconhecer as suas vitórias, as suas batalhas, não oferecer direitos sociais e igualdade…é muito duro. Então para além de comemorações, precisamos parar com a ideia de que 8 de março é o único dia da mulher. Como diz aquela frase clichê: o dia da mulher é todo dia! Mas isso porque a nossa luta é diária. Portanto, as conquistas também devem ser! O Brasil está entre os países que mais mata mulheres, esse é um tema que não temos que discutir apenas em março e sim todos os dias do ano! A violência contra a mulher tem que acabar!”, reforça Beatriz.

A versão digital da cartilha está disponível para download aqui no MIRASSOL CONECTADA (clique aqui para baixar) e também começou a ser distribuída na tarde de hoje através de uma parceria do coletivo “Casa de Marias” com a Prefeitura Municipal de Mirassol (através dos Departamentos de Ação Social e Cultura e Turismo). A versão física estará em pontos estratégicos como UPA, Unidades Básicas de Saúde, Hospital Maternidade, CRAS, CREAS, Farmácia Popular, Delegacia e Câmara Municipal. O coletivo planeja após a pandemia promover rodas de conversa com a população distribuindo a cartilha de bairro em bairro.

“Muitas vezes é tão banalizada a violência feminina que a gente não compreende como violência e quando a gente vê que algo violento está acontecendo, a gente fica: nossa, como eu saio disso? A cartilha vem justamente para auxiliar as mulheres de Mirassol a procurarem ajuda, a não se calarem depois de sofrer uma violência doméstica e também serve para os homens, os homens também devem ler essa cartilha e entender o que é ser violento. Da mesma forma que a mulher não vê a violência, por ser tão banalizada, algumas vezes os homens também não entendem que são violentos por existir justamente toda uma construção social em cima dessa violência contra a mulher. Sabemos que a violência tem dois lados: o de quem pratica e o de quem recebe. São duas pessoas que estão participando dela (infelizmente, outras vezes até mais) mas não tem com uma mulher sofrer violência sozinha, então o homem também deve aprender. Podemos e vamos ajudar muitas mulheres da cidade”, finaliza a professora.

(Foto por Natália Campanholo)