Instituições de Mirassol conseguem proteger idosos do coronavírus

publicidade

 

Lar dos Velhinhos Mirassol (Foto: divulgação)

 

Com medidas rígidas adotadas desde o início da pandemia, o Lar dos Velhinhos e a Vila Vicentina conseguiram uma conquista importante ao preservarem todos os seus moradores do novo coronavírus. A doença já infectou em Mirassol até o dia 19 de agosto 867 pessoas, dessas 20 morreram.

Para evitar que a crise chegasse, as duas instituições adotaram procedimentos de segurança antes mesmo que o isolamento social fosse decretado no estado de São Paulo e dessa forma conseguiram com que nenhum morador fosse contaminado com a Covid-19.

Ambas são instituições filantrópicas e enquanto a primeira presta serviços de cuidados em tempo integral a idosos, a segunda funciona como uma moradia comunitária, voltada para a terceira idade, onde cada morador possui sua própria casa. Com a crise de saúde mundial, a tecnologia se tornou a principal aliada para fazer com que o contato com o mundo externo se tornasse mais estreito e também para fazer com que o tempo seja aproveitado de forma mais produtiva.

 

Lar dos Velhinhos

Lar dos Velhinhos Mirassol

 

Ana Carolina França Destefani, enfermeira responsável pelo Lar dos Velhinhos, contou em entrevista ao Mirassol Conectada que um Plano de Contingência do novo coronavírus foi implantado no dia 9 de abril, mas que em 13 de março uma série de cuidados já começaram a ser implantados por lá. O espaço foi fechado para visitas, a higienização foi intensificada e os colaboradores passaram a trocar de roupas ao chegarem no local, o uso de máscaras de proteção e álcool em gel foram adotados, além das medidas de distanciamento.

A instituição segue todas as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e possui atualmente 24 moradores e 24 colaboradores. Todos passaram recentemente por exame e testaram negativo para Covid-19.

Uma área isolada também foi criada na unidade para a realização de quarentena, caso algum morador teste positivo para o novo coronavírus. O espaço é todo equipado e possui máscaras N95, capas de manga longa entre outros itens preconizados para lidar da maneira correta diante da situação.

O Lar dos Velhinhos tem capacidade para abrigar 30 idosos e atualmente possui 80% de ocupação. Cada morador tem seu próprio dormitório, que possui cerca de 2 metros de distância um do outro. O contato entre os vizinhos é apenas dessa forma, cada um no seu espaço, conversando à distância.

“Está sendo muito difícil, principalmente para distraí-los. Como estamos evitando o contato e realizando apenas os procedimentos que precisam ser feitos eles ficam muito sozinhos, porque também precisam se manter a 2 metros de distância um do outro”, conta a enfermeira Ana Carolina.

 

Isolamento afeta também a saúde mental 

Se por um lado, o isolamento tem preservado a saúde dos que moram no espaço, o distanciamento já começa atingir os moradores em outros aspectos. A psicóloga da instituição, Camila Gomes, explica que muitos idosos não entendem o que está acontecendo e, com o fim das atividades sociais nas quais eles já estavam habituados como bingos, danças, shows e visitas que aconteciam todas as semanas, muitos estão desenvolvendo doenças como ansiedade e alguns transtornos.

Desde o início da pandemia, o índice de encaminhamentos ao psiquiatra aumentou, antes a média era de três pacientes encaminhados por ano, com o isolamento social esse número saltou para três ao mês.

A psicóloga explica que para amenizar esse impacto e driblar a solidão, a tecnologia tem sido aliada. Ao sinal de qualquer crise, a família do idoso é contatada para que o mesmo possa conversar e aliviar um pouco a sobrecarga causada pelos pensamentos negativos. Em casos excepcionais a visita é liberada com regras bastante rígidas, sendo obrigatório o distanciamento mínimo de 2 metros e o uso de máscara pelo visitante e morador.

Outro recurso que está sendo utilizado para ajudar a passar o tempo é a contação de histórias. Antes a atividade acontecia no salão de convivência e com contadores presentes. Agora, cada morador recebe um tablet para acompanhar o conto individualmente, do próprio quarto.

 

Vila Vicentina

 

Vila Vicentina Mirassol (Foto: divulgação)

 

A Vila Vicentina tem capacidade para abrigar até 60 moradores e 52 têm moradia no local atualmente. A população tem um perfil diferente dos moradores do Lar dos Velhinhos, são mais lúcidos e mais ativos socialmente, participam de competições e vão a eventos sociais, mas desde o início da pandemia também tiveram mudanças significativas em suas vidas.

O portão da instituição foi literalmente fechado e os encontros são realizados com os visitantes do lado de fora e os moradores do lado de dentro, mantendo um distanciamento mínimo de 2 metros, além do uso de máscara. Esse tipo de visitação está acontecendo sobre livre demanda, para que a população local não se sinta tão isolada durante a pandemia.

A psicóloga Camila Gomes também trabalha no local e explica que no início do isolamento social os moradores puderam escolher se queriam permanecer em suas moradias ou se queriam ir para a casa de familiares. Com isso, permaneceram por lá apenas 35 moradores, o restante optou por passar a crise ao lado da família e deve retornar à instituição apenas quando a doença estiver controlada.

Os que ficaram na Vila Vicentina também estão utilizando as tecnologias como fortes aliadas, investindo em chamadas de vídeos para matar a saudade e para não perderem o contato com o mundo externo.