A cultura do cancelamento

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Por Adriano Nascimento*

 

Adriano Nascimento (foto: arquivo pessoal)

 

Nos últimos anos um fenômeno surgiu nas redes sociais, a chamada “cultura do cancelamento”. Ela serve como uma “régua moral” que vigia ações e atitudes de artistas, políticos, marcas, produtos e empresas em relação às pautas identitárias contemporâneas que visam a nobre missão de desconstruir antigos preconceitos intrínsecos na sociedade.

A “cultura do cancelamento” foi eleita o termo do ano em 2019, pelo Dicionário Macquarie, um dos responsáveis por selecionar anualmente as palavras e expressões que mais moldaram o comportamento humano.

O tema ganhou grande destaque e está sendo bastante debatido após o início do programa Big Brother Brasil da TV Globo que mescla anônimos e celebridades entre os participantes. O comportamento de alguns dos famosos dentro da casa tem sido alvo de críticas e certamente ensejará na possibilidade de cancelamentos. Mas será que a cultura do cancelamento é benéfica para a sociedade?

A disputa política em torno da “cultura do cancelamento” deve ser longa e aguerrida. E a crítica a alguns de seus efeitos tem criado uma rara sintonia entre partes da esquerda e da direita.

Ainda utilizando o BBB como exemplo, gostaria de destacar o que está ocorrendo com o ator Lucas Penteado que está participando do reality e se envolveu em polêmica já na primeira festa, entrando assim no radar do cancelamento. No entanto, o que já parecia estar indo mal ficou ainda pior, quando a cantora Karol Conká – no papel de canceladora – começou a praticar uma verdadeira tortura psicológica contra o ator. O que nos faz refletir sobre a efetividade da cultura do cancelamento, uma vez que tortura psicológica, além de altamente violenta e que pode causar danos permanentes à saúde mental da vítima, é crime!

O linchamento virtual ou terrorismo psicológico como o que estamos vendo no programa não é a melhor maneira de apontar erros alheio, há maneiras melhores de se fazer justiça social. Cancelar pessoas é uma forma pouco eficaz para educar, podendo trazer consequências negativas para quem cancela e quem é cancelado, inclusive afastando o cancelado da pauta em questão e da elevação de sua percepção sobre o assunto.

Canceladores podem se tornar críticos demais e intolerantes. Criticados podem sentir abandono, desprezo e desconsideração. É importante reconhecer que todos cometemos erros e nem todos somos cancelados.

Dar espaço para o outro amadurecer e saber perdoar é mais eficaz do que um cancelamento. Entre erros e acertos, há espaço para questionar atitudes preconceituosas e gerar debates construtivos.

*Adriano Nascimento – Professor / Colunista Colaborativo/ Ativista do Movimento Mirassol Popular e da Frente Mirassol Sem Medo / Graduando em Gestão Pública, Pós graduando em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano e Ativista dos Direitos Humanos certificado pela Anistia Internacional.

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